terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Seguindo a lógica Ateísta: Napoleão nunca existiu! Sua vida é baseada na mitologia!


 Baseando-nos na lógica Ateísta podemos afirmar que:
Napoleão nunca existiu! Sua vida é baseada na mitologia!

Este post é uma tradução de um texto escrito por James Patrick Holding, autor do site Tekton Apologetic Ministries. É uma sátira aos textos constantemente encontrados na internet que buscam "provar" que Jesus não é uma personalidade histórica, mostrando supostas similaridades entre Ele e o sol, e portanto Jesus seria apenas uma alegoria do astro celeste.

Grande parte dessas similaridades são insanas, e coisas do tipo poderiam ser utilizadas para qualquer comparação, como mostra Holding, comparando Napoleão com o sol. Divirtam-se.


Como Napoleão Nunca Existiu, ou O Grande Erro, Fonte de um Infinito Número de Erros a Serem Vistos na História do Século Dezenove. 

Por Monsieur J.-B.Péres, AOAM, bibliotecário da cidade de Agen


Publicado pela primeira vez em 1827

Napoleão Bonaparte, do qual muito tem sido escrito, jamais exitiu. Ele é simplesmente uma figura alegórica. Ele é uma personificação do sol, e essa asserção é obtida se nós olharmos como tudo que foi publicado sobre Napoleão o Grande é plagiado da Grande Estrela.

Vamos ver, então, em resumo, o que nos é contado sobre este homem maravilhoso.

É dito:

que ele era chamado Napoleão Bonaparte;

que ele nasceu numa ilha no Mediterrâneo;

que sua mãe era chamada Letitia;

que ele teve três irmãs e cinco irmãos, três dos quais eram reis;

que ele teve duas esposas, uma das quais lhe deu um filho;

que ele deu fim a uma grande revolução;

que ele teve dezesseis marechais imperiais sob seu comando, doze dos quais estavam em serviço ativo;

que ele venceu batalhas no sul e foi derrotado no norte;

que, finalmente, depois de um reino de doze anos, o qual ele iniciara com uma investida do Leste, ele foi embora e desapareceu nos mares do oeste.



Resta, então, determinar se estes detalhes diferentes são copiados do sol, e nós esperamos que qualquer um que leia este ensaio será convencido.

Para começar, todos sabem que o sol é chamado Apolo pelos poetas. Mas, não importam as circunstâncias ou causas de tal nome ter sido dado à estrela, é certo que significa "destruídor".

Agora, Apolo é a mesma palavra que Apoleão. Elas vêm de Apollyo ou Apoleo, dois verbos gregos que constituem a mesma palavra, e cujo significado é perder, matar, destruir. Então, se o alegado herói de nosso século foi chamado Apoleão, ele deveria ter o mesmo nome do sol e ele deveria, mais ainda, cumprir completamente o significado deste nome, e ele é nos apresentado como o mais destruidor dos homens que já viveram. Mas esta figura é chamada Napoleão, e então, existe uma letra inicial em seu nome que não estava presente no do sol. Sim, aqui há uma letra extra, inclusive uma sílaba, mas, seguindo a inscrição que pessoas engravam em vários locais da capital, o nome real deste suposto herói era Neapoleão ou Neapolião. Isto é o que nós vemos, notavelmente, na coluna da Vendôme Square.

Agora, esta sílaba extra não faz diferença. Esta sílaba é Grega, sem dúvida, como o restante do nome, e, em Grego, ne ou nai é uma das mais fortes palavras de afirmação, que nós podemos traduzir por "verdadeiro". Disso se segue que Napoleão significa "verdadeiro destruídor", "verdadeiro Apolo". Ele é, então, "verdadeiramente o sol".

Mas o que seu sobrenome significa? Que relação a palavra Bonaparte tem com a estrela-do-dia? Não é de todo imediatamente aparente, mas nós entendemos ao menos que, como bona parte significa "boa parte", nós estamos lidando com algo que tem duas partes, uma boa e uma má, algo que, mais ainda, é ligado com o sol Napoleão. Agora, nada é mais diretamente relacionado ao sol do que os efeitos de seu movimento diário, e estes efeitos são o dia e a noite, a luz e as trevas, a luz cuja presença ele produz e as trevas que prevalecem na sua ausência. Esta alegoria é retirada dos Persas: eles têm o império de Ahura Masda e o de Ahriman, o império da luz e das trevas, o império dos maus e dos bons espíritos. E são estes últimos, estes espíritos do mal e da escuridão, que pessoas usaram para invocar maldições com a expressão "Abi in malam partem". Se por malam partem alguém entende escuridão, não há dúvida que bona parte significa a luz -- isto é, o dia, em oposição à noite. Então não se pode duvidar que este nome tem ligações com o sol, especialmente quando alguém o vê associado com Napoleão, que é o próprio sol, como já demonstramos.

2. De acordo com a mitologia Grega, Apolo nasceu numa ilha no Mediterrâneo (a ilha de Delos); o nascimento de Napoleão também é localizado numa ilha no Mediterrâneo, e a Córsega foi escolhida em particular porque a posição da Córsega em relação à França, onde pessoas buscaram localizar seu reinado, é muito similar à posição de Delos em relação à Grécia, onde Apolo teve seus principais templos e oráculos.

Pausânias, é verdade, descreve Apolo como uma divindade Egipcia; mas, para ser uma divindade Egípcia, não foi necessário para ele nascer no Egito. É suficiente que ele foi tido como um deus ali, e é isto que Pausânias queria comunicar-nos: ele procurou nos dizer que os Egipcios o adoraram, e isto claramente estabilizou outro paralelo entre Napoleão e o sol, uma vez que é dito que no Egito Napoleão foi reputado como possuidor de uma capacidade sobrenatural, como o amigo de Muhammad, e que ele recebeu veneração ali que alcançou os níveis de adoração.

3. É dito que sua mãe foi chamada Letitia. Mas pelo nome Letitia, que significa "alegria", o amanhecer estava subentendido: a luz do dia nascente espalha alegria pela natureza. O amanhecer dá nascimento ao sol, como os poetas colocaram, por lhe abrir os portões do Leste com seus dedos rosados.

É também relembrável que, de acordo com a mitologia Grega, a mãe de Apolo era chamada Leto. Mas se os romanos fizeram "Latona" de Leto, foi preferível em nosso século fazer "Letitia" do mesmo, desde que loetitia é o nome do verbo loetor ou o fora de uso loeto, que significa "inspirar alegria".

É portanto certo que esta Letitia é encontrada, como seu filho, na mitologia Grega.

4. De acordo com o que nos é contado, este filho de Letitia teve três irmãs, e é fora de disputa que estas três irmãs são as três Graças, que, junto com a companhia das Musas, foram o ornamento e charme da côrte de seu irmão Apolo.

5. É dito que este Apolo moderno teve quatro irmãos. Agora, estes cinco irmãos são as quatro estações do ano, como iremos provar. Mas primeiro, não estaríamos surpresos de ver as estações representadas por homens ao invés de mulheres. Isto não deveria parecer pouco familiar, já que somente uma das quatro estações é feminina em Francês -- isto é, outono -- e, mais ainda, nossos gramáticos estão distantes de concordar neste ponto. Em Latim, porém, outono não é mais feminina que as outras três estações, então não há dificuldade de todo neste assunto. Os quatro irmãos de Napoleão podem representar as quatro estações do ano, e o que segue irá provar que eles realmente as representam.

Dos quatro irmãos de Napoleão, três (eles dizem) eram reis, e estes três reis eram Primavera, que reina sobre as flores, Verão, que reina sobreas colheitas, e Outono, que reina sobre as frutas. E como esteas três estações dão tudo à poderosa presença do sol, é dito que os três irmãos de Napoleão deram seu status real à ele e reinaram somente sobre sua vontade. E quando é adicionado que, dos quatro irmãos de Napoleão, existiu um que não era um rei, é porque, das quatro estações do ano, existe uma que não reina sobre nada: Inverno.

Mas se, para enfraquecer nosso paralelo, alguém disser que ao inverno não falta um império, e procurar dar a ele o triste domínio sobre tempestades e nevascas, que, em seu deprimente período empalidecem a paisagem, nossa respota iria estar na ponta da língua; isto é, nós iríamos dizer, que eles procuraram nos indicar o inútil e ridículo domínio que eles dizem este irmão de Napoleão ter sido investido após o declínio de toda sua família, o domínio que eles puseram sobre a vila de Canino em preferência a qualquer outra, porque canino vem de cani, que significa o cabelo grisalho da velha era fria, que recorda o inverno. Pois, aos olhos dos poetas, as florestas que coroam nossas montanhas são seu cabelo, e quando o inverno os cobre com sua geada, eles são o cabelo branco na velha idade do ano: Cum gelidus crescit canis in montibus humor.

Então, o alegado princípe de Canino é apenas o inverno personificado: inverno, que começa quando as agradáveis estações não existem mais e o sol está distante de nossas terras, que são invadidos pela criança apaixonada do Norte, o nome que os poetas dão aos seus ventos que, vindo destas derras, discolorem nossa paisagem e a cobre com uma brancura horrível. Isto proveu o assunto da mítica invasão da França pelos povos do norte, que se livraram de uma bandeira colorida por diferentes cores e trocaram-a por uma branca que supostamente cobria todo o país depois da partida do mítico Napoleão. Mas seria desnecessário repetir que é simplesmente um emblema das nevascas que os ventos do Norte nos trazem ao invés das cores adoráveis que o sol mantêm em nossas terras, antes de partir e levá-las de nós. É fácil ver analogias de tudo isso nas ingênuas estórias que o povo imaginou ter ocorrido em nosso século.

6. De acordo as mesmas estórias, Napoleão teve duas esposas, exatamente como pessoas designaram duas ao sol. Estas duas mulheres do sol foram a Lua e a Terra, a Lua de acordo com os Gregos (é Plutarco que atesta isto), e a Terra de acordo com os Egípcios, com esta notável diferença: de uma (a Lua) o Sol não teve filhos, e da outra ele teve um filho, um único filho: isto é, o jovem Hórus, filho de Osíris e Ísis, do Sol e da Terra, como se vê na Estória do Céu, capítulo 1 página 61 e seguintes. Ali há uma alegoria Egípcia na qual Hórus, nascido da fértil terra ao Sol, representa os frutos da agricultura; e pessoas colocaram o nascimento do suposto filho de Napoleão em 20 de Março, o equinócio de primavera, porque é na primavera que a produção da agricultura aumenta excepcionalmente.

7. Eles dizem que Napoleão pôs fim a uma praga devastadora que aterrorizou a França, e que era chamada a Hydra da Revolução. Agora, uma hydra é uma serpente -- a espécie não é importante, especialmente porque nós estamos lidando com uma estória. Era a serpente Python, um enorme réptil que era o objeto de medo extremo para a Grécia, que Apolo derrubou, matando o monstro, que era sua primeira façanha. E é por isso que Napoleão iniciou seu reino por matar a revolução Francesa, que exatamente tão quimérica como todas as outras coisas, pois nós vemos claramente que "revolução" é derivada da palavra Latina revolutus, que significa uma serpente que é enroscada em algo -- Python, e nada mais.

8. O famoso guerreiro do século 19 teve, eles dizem, 12 marechais imperiais na chefia de suas armadas e 4 inativas. Agora, as 12 primeiras (como é bem compreendido) são os 12 signos do zodíaco, marchando sobre as ordens do sol Napoleão, e cada um comandando uma divisão do inumerável exército das estrelas, que é chamado "exército celestial" na Bíblia, e é dividido por nós em 12 partes, correspondendo aos 12 signos do zodíaco. O mesmo para os 12 marechais que, de acordo com nossas estórias míticas, estavam em serviço ativo sobre o Imperador Napoleão; e os quatro outros são provavelmente os quatro pontos cardiais, imóveis no meio do movimento geral, que são muito bem representados pela inatividade associada com eles.

Então, todos os marechais, os ativos e inativos, são puramente entes simbólicos, e não mais reais que seu chefe.

9. É-nos dito que este líder de tantos brilhantes exércitos teve uma campanha triunfante por todas as terras do Sul, mas não pôde estabelecer a si próprio quando ele penetrou muito profundamente no Norte. Agora, tudo isto perfeitamente caracteriza o caminho do sol.

O sol, como é bem sabido, tem domínio soberano no sul, como, nós dissemos, teve o Imperador Napoleão. Mas verdadeiramente notável é que após o equinócio da primavera o sol tenta alcançar as regiões do norte movendo-se para longe do equador. Mas ao fim de três meses marchando em direção a essas terras, encontra o "tropical Borealis" que o força a retirar-se e recuar seus passos em direção ao Sul, seguindo o signo de Câncer -- isto é, o caranguejo, um signo cujo nome é dado (de acordo com Macrobius) para expressar o caminho de retirada do sol nesta área do céu. E é deste relato que pessoas inventaram a mítica expedição de Napoleão em direção ao Norte, em direção à Moscou, e a humilhante retirada que alegadamente se segue.

Então, tudo que nós dissemos sobre os sucessos e fracassos deste estranho guerreiro são somente diversas alusões com relação à trajetória solar.

10. Finalmente -- e isto não necessita explicação -- o sol nasce no Leste e se pôe no Oeste, como todos sabem. Mas para os observadores situados nos confins da terra o sol parece surgir dos mares orientais na manhã e e mergulhar nos mares ocidentais no entardecer. Então é, adicionalmente, que os poetas o retratam como levantando-se da cama e indo dormir. E é nestes termos que nós devemos entender tudo quando dissemos que Napoleão veio do mar oriental (do Egito) para reinar sobre a França e que ele desapareceu nos mares ocidentais, após um reino de 12 anos, que não é nada mais do que as 12 horas do dia durante as quais o sol brilha sobre o horizonte.

Ele reinou somente um dia, diz o autor das Nouvelles Messéniens em referência à Napoleão, e a maneira na qual ele descreve sua ascensão, seu declinío e sua queda prova que este encantador poeta, como nós, viu em Napoleão somente uma imagem do sol. E ele é nada mais do que isso, como é provado por seu nome, o nome de sua mãe, suas três irmãs, seus quatro irmãos, suas duas esposas, seu filho, seus marechais e suas façanhas. É provado pelo local de seu nascimento, pelo lugar do qual eles dizem que ele veio quando ele envolveu-se em sua carreira de dominação, pelo tempo que ele levou nisto, pelas terras que ele dominou, pelas quais ele experenciou derrota, e pela regiao onde ele desapareceu, pálido e descoroado, depois de seu caminho brilhante, como o poeta Casimir Delavigne descreve.

É portanto provado que o alegado herói de nosso século foi somente um personagem alegórico, cujas todas as características foram copiadas do sol. E consequentemente Napoleão Bonaparte, do qual pessoas têm dito e escrito muitas coisas, jamais existiu, e o erro para o qual muitas pessoas apontaram suas cabeças vem de um quiproquo -- ou seja, elas têm tomado a mitologia do século 19 por história.

P.S.: Nós poderíamos também convocar, em suporte de nossa tese, um grande número de decretos reais cujas datas são obviamente contraditórias ao reino do suposto imperador; mas nós temos tido nossas razões para não fazer uso deles.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Neo-Ateísmo, Um Delírio

A religião não tem nada a ver com a moral de nossa sociedade? 


Uma das estratégias mais executadas por neo ateístas é tentar vender a idéia de que a religião não tem influência alguma no estabelecimento de nossa moral.

Dawkins até tentou apelar ao gene egoísta para explicar a nossa moralidade, com resultados patéticos.




Na totalidade das vezes em que eles tentam executar a estratégia, o que se nota é um empreendimento bizarro com foco na diminuição do valor da religião, maquiagem do significado da moral e uso de testes suspeitos para tentar mostrar que todos “são morais” independentemente de religião.

Como mostrarei aqui, essa tentativa é facilmente desmascarável.

Recentemente, alguns blogs ateus estão divulgando a seguinte matéria: “Moralidade independe de religião, diz estudo”.

Veja o estudo publicado no blog da Irmandade do Calvário com o texto, que fala de um estudo publicado na revista Trends in Cognitive Sciences.

Mesmo que eu não tenha a intenção aqui de dizer que é impossível um ateu ter moral similar a de um religioso, é fato de que não só a matéria, como o próprio artigo se baseiam em uma série de estratagemas recheados de desonestidade intelectual e principalmente fraudes.

O Vested Interest

A primeira suspeita já vem de um dos envolvidos na publicação do artigo, Marc Hauser, que aparentemente possui alinhamento com as idéias de Daniel Dennett e Richard Dawkins.

Quanto a seu parceiro na pesquisa, Ilkka Pyysiäinen, não obtive maiores informações a respeito de um possível Vested Interest. Este fica evidente ao menos em Hauser.

Para qualquer auditor, motivo suficiente para iniciar a investigação.

Sendo que o vested interest de Hauser está identificado, basta então procurarmos pelas fraudes conceituais e intelectuais, principalmente aquelas que já ficam mais aparentes.

A fraude da falsa definição de religião

A primeira das fraudes intelectuais é vista logo no começo do texto, que compara a crença em Deus com a religião em si, o que fica evidente quando é feita referência à ela como “O fato de que todas as sociedades humanas conhecidas acreditam (ou acreditavam) em algum tipo de divindade – seja ela Deus, Alá, Zeus, o Sol, a Montanha ou espíritos da floresta”.

O fenômeno religioso, que poderia ser chamado de epifenômeno, transcende em muito a crença em Deus. A própria tentativa de comparar a crença em espíritos da floresta com a crença em Deus (que é definido por abordagens metafísicas e filosóficas), já é outra demonstração de uma absoluta falta de senso de proporções.

Falta de senso de proporções, aliás, que parece mostrar que o dircurso neo ateísta, em sua sanha por falsificar as informações do mundo real e da história, compromete grande parte de suas análises.

Hauser, conforme previsto pela análise do Vested Interest, tenta também um discurso semelhante ao de Richard Dawkins em “Deus, Um Delírio”.

É aí então que temos a segunda grande fraude.

A fraude da falsa definição de moral

A aposta da dupla seria o de que a religião seria apenas um subproduto de outras características evolutivas que favorecessem um determinado tipo de comportamento social, independente de crenças religiosas. Esse comportamento incluiria a promoção da moralidade e a cooperação entre indivíduos não aparentados de uma população.

Os autores escrevem: “A cooperação é possível graças a um conjunto de mecanismos mentais que não são específicos da religião. Julgamentos morais dependem desses mecanismos e parecem operar independentemente da formação religiosa individual [...] A religião é um conjunto de ideias que sobrevive na transmissão cultural porque parasita efetivamente outras estruturas cognitivas evoluídas.”

Aí segue o terrível problema da alegação, pois cooperação entre não-parentes existe realmente em qualquer espécie animal, até nas formigas. Entre gangues de marginais (não necessariamente aparentados), há também cooperação, por interesse. Desta forma, mais um exemplo de que a abordagem visando a cooperação básica não passa de uma falácia do red herring, parte integrante aliás da maioria das abordagens da psicologia evolutiva.

Como a argumentação em prol da cooperação só funciona com um enrolation dos mais pueris, Hauser parte para outra tentativa, que é dizer que “comportamentos morais” são oriundos de todos, independente de religião.

Antes disso, ele ainda apela ao rótulo odioso, ao dizer que a religião “fornece apenas regras locais para casos muito específicos” de dilemas morais, como posições sobre o aborto ou a eutanásia.

O estratagema é simples. Como uma parte da população poderia ficar incomodada com o tema aborto ou eutanásia, ele associa a religião apenas a eles, mas não o resto, tentando jogar a “galera” contra a religião. Mas em nenhum momento de seu artigo, ele apresenta uma evidência desta associação.

A cereja do bolo, entretanto, é quando os “pesquisadores” afirmam que as questões de caráter mais abstrato são definidas com base numa moralidade intuitiva, independente de religião.

O divertido é que o “caráter é tão abstrato” que Hauser não conseguiu definir quais são os fatores que a definiriam de tal forma, e além de tudo o exemplo de cooperação é básico demais. Será que os outros “dilemas morais” é que definiriam isso? Até seria possível, mas como sempre Hauser trata de falsos dilemas morais, que nada tem a ver realmente com testes empíricos de dilemas morais.

Uma forma de mostrar a fraude é investigar todas as vezes em que tipos assim dizem que “aha, eles são tão morais quanto os que defendem os religiosos”.

Geralmente, eles pegam exemplos básicos de comportamentos considerados morais, como por exemplo dar lugar à um idoso no assento do metrô, e já rotulam “encontramos a origem da moral”.

Confundem eles atitudes de empatia básica com “a moral” em si.

Um erro de tamanha magnitude já é suficiente não só para desqualificá-los como cientistas, mas principalmente como seres humanos capazes de discutir a moral.

Como tudo que é alegado por Hauser e seu amigo não passa pelo menor exame cético, a conclusão não poderia ser menos fraudulenta, e a evidência de que o texto, do início ao fim é inválido vem ao final, quando os “experimentos” de moral são citados.

A fraude do falso “experimento” da moral

Como vimos, no texto dos autores neo ateus, se até o momento não há sequer uma discussão de moral em questão, como então ele poderia definir que estudou a religião no aspecto da análise moral?

O resumo do estratagema é o seguinte:
(a) Hauser e patota reduzem a religião à crença em Deus
(b) Fingem que aquilo que se fala de valores religiosos seriam na verdade a cooperação básica entre não-parentes e falsos dilemas morais.
(c) Dizem então que se religião é associada à qualquer moral, é então associada aos itens em (b) basicamente
(d) O itens em (b) são encontrados em qualquer espécie animal, especiamente os bonobos, e em qualquer interação humana
(e) Logo, religião não está associada com a moral.

Como se vê, há uma série de manipulações semânticas que alguns neo ateus dentre os adeptos da psicologia evolutiva fazem para fingir que explicaram algo e tentar tirar algo de cena (no caso, a religião).

Mas por que os estudos de dilemas morais não servem?

O próprio texto reconhece que as evidências alegadas por Hauser são “estudos em que pessoas são convidadas a opinar sobre dilemas morais hipotéticos mostram que o padrão de julgamento de religiosos é igual ao de pessoas sem religião ou ateias”.

Todos esses “estudos” são 100% inúteis, pois não testam o comportamento.

Obviamente, que as pessoas respondendo aos questionários tendem a responder àquilo que aparentemente é mais correto no que está estabelecido como paradigma vigente para a população.

Outro elemento que falseia o experimento é o fato de que muitos neo ateus tentam dissociar a religião da moral, então muitos ateus poderiam simular suas respostas para “aparentarem” moral similar aos outros.

Para evitar esse tipo de manipulação, o importante é testar o comportamento de povos religiosos e povos ateus em relação à situações consideradas diante de padrões objetivos e aceitos de moral. Mas a avaliação não pode ser por questionário, e sim por comportamento.

Um exemplo, em uma sociedade em que 90% das pessoas sejam religiosas, pode existir um questionário em que praticamente todo mundo, ateu ou teísta, responda que mentir é errado. Isso não prova que as duas partes possuem a mesma moral, mas sim que respondem o questionário dando a resposta mais agradável.

Uma forma mais correta e científica de investigação do assunto

O ideal é usar países como testes empíricos.

Por exemplo, inversões completas de moral, como ocorreram em vários países comunistas, normalmente ocorreriam com tanta facilidade em países teístas?

Pelo visto, a ausência da moral teísta causou danos terríveis na Rússia, China e Cambodja.

Aliás, tornou-se uma prioridade para esse tipo de governo a eliminação da religião. E por qual motivo? Por que sem a religião, valores morais sólidos não seriam estabelecidos.

Mas e no caso de ateus em países dominados por uma moral inspirada na moral religiosa? Aí fica mais difícil que a população como um todo inverta os valores, inclusive os ateus, pois existem valores morais absolutos pelos quais as atitudes são avaliadas.

Nesse ponto, seria possível que ateus agissem de forma moralmente aceitável, pois ele estará se habituando aos hábitos definidos pela cultura da maioria.

A avaliação mostra que a análise dos eventos ocorridos em países comunistas, em comparação com os eventos ocorridos em países não-comunistas, nos orienta a seguinte hipótese, muito forte: sem a religião, não só não há uma moral absoluta, como também não há sequer uma base em cima da qual julgar qualquer tipo de ato, então fica valendo o “tudo é permitido”. Um dos resultados são os genocídios que todos conhecem.

Algum ateu poderia questionar essa hipótese, dizendo que comunismo não é o mesmo que ateísmo.

Mas o comunismo já é uma ideologia que, para ser aceita, depende da RECUSA dos valores morais da religião, pois o comunismo implica na estratégia “Robin Hood”, que é fingir que se rouba dos ricos para dar aos pobres. Só que no final a população toda fica na pobreza, e os “líderes da revolução” possuem vida nababesca (ex. Stalin, Castro, Mao, etc.)

Uma das maiores aberrações da humanidade é o comunismo, similar ao nazismo. O comunismo depende da IRRELIGIÃO.

Não fosse assim, por que governos comunistas gastariam tanto esforço em eliminar a religião? A simples existência da religião já é o suficiente para assustar qualquer sistema político baseado em inversão de valores, dos quais o comunismo, assim como o nazismo, são os maiores representantes.

Conclusão

O que vimos acima mostra que sempre que um neo ateu apresenta algum material dizendo “olha, provamos que religião não leva à moral”, é bom suspeitar. O estudo trazido como evidência, de uma dupla de estudiosos que defendiam a teoria da moral independente de religião já foi qualificado de início como exemplo de vested interest, pelo perfil de um de seus estudiosos. Não era o suficiente para desqualificá-lo, claro, mas sim um justificador para o início da investigação. Em seguida, os erros já esperados ocorreram, manifestados por 3 fraudes: falsa definição de religião, falsa definição de moral, e, principalmente, experimentos insatisfatórios. Foi mostrado, ao final, como deveria ser um experimento para estudar tal tipo de assunto, e é baseado na análise de evidências históricas, da mesma forma que se estudam as histórias evolutivas das espécies.

Nesse caso, temos os países comunistas como um ambiente de teste excelente de doutrinas resultantes da irreligião. Temos também uma explicação satisfatória para o motivo pelo qual os governos comunistas lutam tanto contra a religião, pois com elas há valores morais absolutos em cima dos quais os atos serão julgados. O comunismo teria vida difícil com a mera existência desse cenário. A única coisa que um neo ateu poderia alegar é que ele possivelmente terá atitudes mais ou menos moralmente aceitáveis tanto quanto um religioso. Isso é realmente possivel, mas desde que ele viva em um país de cultura religiosa. Nesse caso, ele irá assimilar os hábitos da maioria religiosa. Ou seja, para que uma população vivencie uma moralidade nos mesmos tons que a conhecemos, é fundamental a existência da religião.